Castramóvel começa a funcionar em Santa Maria

Foto: Marcelo Oliveira (Diário)

Nesta quarta-feira (30), o castramóvel começou a funcionar em Santa Maria. O primeiro dia de cirurgias ocorreu no 2º Batalhão de Polícia de Choque da Brigada Militar. Após dois meses da data de abertura da licitação para contratação da empresa responsável pelo serviço (17 de janeiro de 2022), o trailer adaptado recebeu os primeiros animais, que além de castrados, também foram microchipados.

Neste primeiro momento, os contemplados com o serviço são as famílias que possuem mais de 20 animais e estão cadastradas na prefeitura. Este é o caso do militar da reserva, Jorge Alberto dos Santos, de 67 anos, que, hoje, levou 11 cães para esterilização. Na casa que reside, no Bairro Passo d’Areia, Jorge tem 70 animais. Destes, 20 já foram castrados.

– Eu procurei o serviço porque recolhemos muitos cachorros de rua, que foram abandonados, e fica muito caro para castrar. Eu já castrei 20 cadelas com meu próprio dinheiro e faltaram essas 11. Então, fiquei sabendo dessa oportunidade do castramóvel. A Secretaria do Meio Ambiente estava me acompanhando, pela quantidade de cães que eu tenho, e me cadastrou, pois já tinham tudo catalogado – relata Jorge.

Além de Jorge, outras famílias que têm grande quantitativo de cães e gatos vão ser beneficiadas com o serviço em abril. No próximo mês, para atender estas pessoas, o castramóvel deve percorrer os bairros Noal, São José, Nova Santa Marta, Nossa Senhora Medianeira e o distrito de Boca do Monte.

Procedimento

Conforme o cirurgião-veterinário, Felippe Melo Diniz, o procedimento consiste em três fases: pré-cirúrgica, cirurgia e recuperação.

– Como não temos um espaço próprio, fazemos a consulta e avaliação do animal no espaço externo do castramóvel. Já na primeira sala, administramos a medicação e fazemos a tricotomia, que é a retirada dos pelos da barriga. Depois, o animal passa para a cirurgia e é encaminhado para a sala de recuperação – explica Felippe, que também é o representante da empresa contratada Ninagut Consultoria Veterinária, de Minas Gerais.

Além de Felippe, também devem auxiliar nas cirurgias mais dois profissionais de Santa Maria (cirurgião-veterinário e anestesista).

– A técnica cirúrgica é chamada de ovariohisterectomia. Nós fazemos a remoção do útero e dos ovários das cadelas e das gatas. A partir daí, esse animal não vai mais passar pelo cio, ter chances de engravidar ou ter infecções uterinas – afirma Felippe.

De acordo com o cirurgião-veterinário, todo o procedimento tem duração entre 1h30min e 2h. É preciso que o tutor aguarde este período para depois levar o animal para casa e realizar os cuidados no pós-operatório.

Foto: Marcelo Oliveira (Diário)

Microchipagem

Além da castração, todos os animais que passarem pelo castramóvel também vão ser microchipados. Com o chip é possível identificar os dados do tutor do pet, o que facilita em casos de furto e abandono, por exemplo.

– Com isso a gente consegue ter não só o controle de natalidade, mas o controle populacional também – relata Patrícia Silveira, médica veterinária da prefeitura.

Pós-operatório

Após o procedimento, é preciso que os tutores sigam algumas orientações. É preciso fazer a limpeza e passar uma medicação no local dos pontos da cirurgia. Também é necessário que o animal utilize um colar elizabetano ou roupa cirúrgica para não entrar em contato com a ferida. Além disso, os tutores devem administrar anti-inflamatórios e antibióticos.

A retirada dos pontos poderá ser feita pelo próprio tutor. Neste caso, vão ser repassadas as orientações pelo veterinário. Caso a família se sinta insegura, é possível agendar um horário para retirar os pontos do pet no próprio castramóvel.

A veterinária Patrícia ainda conta que, no pós-operatório, a secretaria de Meio Ambiente vai realizar uma fiscalização para acompanhar a situação dos pets:

– Um ou dois dias depois da cirurgia nós vamos visitar todos os animais que forem esterilizados para ver se eles estão sendo cuidados e se estão em ambiente próprio ou impróprio.

Próximas ações

Estão marcadas para quinta-feuira as próximas esterilizações no trailer, no mesmo local. Para a próxima semana, na terça-feira, o castramóvel deve ir até o bairro São José para realizar as cirurgias dos animais cadastrados.

A previsão é que as castrações dos cães e gatos da comunidade, previamente inscritos (402 pets), comecem em maio. Além destes, também devem passar pela cirurgia, os animais encaminhados pelas Organizações Não-Governamentais (ONGs) parceiras da prefeitura. Com isso, no período de um ano, é esperado que sejam feitas 86 cirurgias por mês, totalizando cerca de 1 mil procedimentos.

Laura Gomes, laura.gomes@diariosm.com.br